Pais deveriam ser punidos pela obesidade de filhos? - BBC Brasil
A prevalência de obesidade tem aumentado em todo o mundo e atinge todas as faixas etárias. No Brasil, em 20 anos a prevalência de excesso de peso (sobrepeso e obesidade) em crianças aumentou 20%. Observe que em 2013, mais da metade dos adultos brasileiros possuem excesso de peso (quadro 1).
Grupo |
1989 |
2003 |
2009 |
2013 |
Crianças (5 a 9 anos) |
13,5 % |
- |
33,5 % |
- |
Adolescentes (10 a 19 anos) |
10,8 % |
15,9 % |
20,5 % |
- |
Adultos (20 anos ou mais) |
35,7 % |
40,6 % |
49,0 % |
50,8% |
Fonte: PNSN 1989, POF 2003, POF 2008/2009, VIGITEL 2014
As consequências da obesidade são diversas e vão desde físicas, como psicológicas e até sociais. Como consequências físicas, sabe-se que a obesidade é principal fator de risco para doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes e está relacionada com alguns tipos de câncer; e ainda doenças na vesícula biliar, esteatose hepática não alcóolica, gota, transtornos alimentares, apnéia do sono, dislipidemias, osteoartrose, doenças dermatológicas e outras. No âmbito psicológico, são muito frequentes os distúrbios afetivos, depressão e até risco de suicídio. Socialmente, sabe-se que o obeso tem dificuldade para empregar-se e muitas vezes há desigualdade salarial, quando comparado ao indivíduo eutrófico. Outros danos estão relacionados a mortalidade, no Brasil, a mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis chega a 72% e estas doenças representam para o Sistema Único de Saúde 39% das hospitalizações.
Diante destas consequencias nefastas, vários países estão estudando estratégias para diminuir a obesidade entre seus habitantes, principalmente com foco nas crianças. Mas quais são as causas da obesidade? Genética ou ambiental? Quais estratégias deve-se adotar para combater esta doença? Quem é responsável pelo aumento nas prevalências de obesidade? Quem deve ser punido?
Certamente a genética tem parte deste fator de risco, porém o ambiente é que realmente influencia o ganho de peso dos indivíduos, em qualquer faixa etária. Vivemos em um ambiente obesogênico, que nos induz a comer alimentos ricos calorias, gorduras, açúcares e sal e pobres em vitaminas, minerais e fibras e a gastar pouca energia, cada vez nos movimentamos menos, seja em nome do conforto ou devido a insegurança pública. Achamos que temos escolhas, mas que escolhas temos se ficamos felizes com nossos filhos em frente à televisão ou vídeo game, pois dentro de casa acreditamos que estão seguros? Alimentos industrializados de fácil preparo fazem parte da alimentação do nosso dia a dia, pois não temos tempo de preparar uma refeição saudável? E os preços? O que é mais barato, snacks cheios de gordura e açúcar ou frutas? E as propagandas, você já viu quantas propagandas de alimentos saudáveis? Coma Frutas, verduras e legumes! Qual mídia você viu este tipo de propaganda?
O mês passado estas questões foram discutidas mais uma vez em um artigo publicado pela BBC Brasil. Leia na íntegra este artigo:
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2015/02/150217_obesidade_pais_jp_cc
Profª. Drª. Daniela Silveira – Nutricionista CRN/3 7513